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Sobrevivente do naufrágio que matou 23 pessoas no Pará procura por R$ 5 mil desaparecidos após o resgate; polícia apura o caso

Dinheiro estava na bolsa de Dalva Batalha, de 50 anos, mãe da sobrevivente. A mulher estava na lancha junto com a filha, Layanni Batalha, e o neto. Layanni e o filho conseguiram ser resgatados.

O naufrágio de uma lancha em setembro de 2022, na Ilha de Cotijuba, em Belém, tirou a vida de 23 pessoas. Dalva Batalha, de 50 anos, foi uma delas. A mulher trazia na bolsa 5 mil reais, que sumiu após o resgate. A filha da vítima tenta há 6 meses recuperar o dinheiro, sem sucesso. A Polícia Militar abriu sindicância para apurar o caso.

Dalva Batalha estava na lancha junto com a filha, Layanni Batalha, e o neto. Layanni e o filho conseguiram ser resgatados. O corpo de Dalva e os pertences que carregava foram localizados por um pescador e deixados em um local de resgate, vistoriados pela polícia.

Ao ficar ficar consciente, Layanni Batalha foi informada que a mãe não sobreviveu. Ao tentar reaver os pertences, recebeu apenas um celular, cartões e uma bolsa, com 5 centavos dentro. Os 5 mil reais que a família trazia para Belém sumiram e nunca foram localizados.

Em 26 de setembro de 2022, o governador Helder Barbalho entregou uma medalha para quatro pescadores que ajudaram no resgate das vítimas. Presente na ocasião, Layanni falou sobre o assunto com o governador e ele a aconselhou a denunciar o caso na polícia.

Layanni foi atendida pelo delegado-geral de Polícia Civil, Walter Resende, que disse que nenhuma bolsa com esse valor foi entregue à polícia e que a quantia também não estava no Grupamento Fluvial de Segurança Pública (Gflu).

Após registrar a ocorrência em outubro de 2022, a mulher aguardou as investigações da polícia. Na última sexta-feira (24), Layanni Batalha prestou esclarecimentos na PC.

Segundo ela, o dinheiro da mãe seria usado para comprar produtos para a venda pessoal que a família tinha e também para fazer pagamentos.

“A gente não pode perder as esperanças. Minha mãe era muito trabalhadora. Sei de cada suor que tinha ali. É um dinheiro que ela conquistou com esforço e as pessoas se aproveitaram de um momento triste para fazer isso", lamenta.

Em nota, a Polícia Militar informou “que a Corregedoria-geral instaurou uma sindicância para apurar a denúncia e que não compactua com casos de desvio de conduta entre seus agentes”.

Naufrágio

A embarcação Dona Lourdes II saiu da ilha de Marajó para a capital paraense, e afundou perto da Ilha de Cotijuba em 8 de setembro de 2022. O barco não tinha autorização para navegar e partiu de um porto clandestino.

Entre os relatos dos sobreviventes está o fato de que o condutor da embarcação teria demorado a chamar socorro quando o barco começou a afundar, além de não orientar os ocupantes do barco e não distribuir os coletes salva-vidas.

Sobreviventes apontaram que os salva-vidas não teriam condições de uso — muitos dos equipamentos se rasgavam. Alguns pescadores que ajudaram no resgate encontraram pessoas já sem vida com colete.


 

Fonte: Por Tayana Narcisa e Marcus Passos, g1 Pará — Belém

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